Curiosidade também é uma habilidade!

O desejo de aprender e experimentar é bem-vindo na sala de aula e, mais tarde, em todas as carreiras profissionais.

Veja como incentivar essa competência em seu filho

 

31/03/2014 11:08 
Texto Cynthia Costa 

Foto: Aline Casassa

Livros, filmes e revistas pela casa estimulam a curiosidade e criatividade do seu filho.

Há 2.200 anos, Arquimedes gritou "Eureka!" ao perceber que o seu corpo deslocava a água da banheira - estava aberto o caminho para as noções de volume e densidade. Cerca de 800 anos depois, a queda de uma maçã fez Isaac Newton pensar na gravidade. E, em 2012, a pequena norte-americana Clara Lazen, de 10 anos, inventou uma nova molécula em sua aula de ciências. Isso mesmo: ali no laboratório do Ensino Fundamental, em uma escola pública de Kansas City. 

Pode até ser que Clara tenha dado sorte. Mas a descoberta teria passado em branco caso ela não demonstrasse a curiosidade e a iniciativa de compartilhá-la com o professor e os colegas. Quem não quer um aluno e, mais tarde, um profissional como Clara por perto? "Não existem mais profissões acomodadas. Vão se sobressair os que trouxerem algo de novo e/ou tiverem uma abertura para o novo", defende a psicopedagoga Paula Furtado. E, claro, que também saibam expressar essas novidades: "Hoje o mundo pede pessoas que saibam falar e argumentar", lembra Elizabete Duarte, coordenadora da Educação Infantil e do Fundamental do Colégio Nossa Senhora do Morumbi, em São Paulo.

Especial Habilidades não-cognitivas 
Veja porque estimular competências como sociabilidade, curiosidade e dedicação no seu filho.

A abertura a novas ideias experiências, considerada uma habilidade não cognitiva (ou uma competência socioemocional) fundamental para o aprendizado, é sonho de consumo em uma sociedade que precisa, cada vez mais, adaptar-se a novas realidades - à preservação do planeta, ao desenvolvimento de tecnologias, à luta por justiça social, entre outras.

Veja os caminhos que o Educar selecionou para que você possa trabalhar com o seu filho a curiosidade e a abertura ao novo.

 

1. Desafios mil

A criança constantemente desafiada desenvolve habilidades sem nem perceber. Jogos de tabuleiro e esportes em família, além de divertidos, são ótimos para manter a cabeça e o corpo espertos. Montar quebra-cabeças é outra atividade desafiadora, assim como resolver testes e desafios propostos por revistas e sites. Só tome cuidado, claro, para não estressar seu filho com charadas e exercícios constantes.

2. Você sabia que...

Como criar um pequeno curioso em um ambiente sem curiosidades? Não dá. Distribuindo livros, filmes e revistas pela casa, você convida o seu filho a, naturalmente, dar uma espiada em assuntos diversos, que possam despertar a sua vontade de aprender. Assistir a canais de televisão mais educativos e/ou científicos, como a TV Cultura, o Discovery e o Nat Geo, também colabora. Além disso, pais curiosos certamente despertarão a curiosidade das crianças. "Filho, você sabia que hoje encontraram o fóssil de um dinossauro desconhecido na Europa?!" - está aí um gancho excelente para mergulhar no mundo dos dinos. Lembrando-se que a curiosidade é mais bem aproveitada quando acompanhada pela comunicação. Compartilhem!

3. Pintando os sete

A criatividade anda de mãos dadas com a curiosidade: quando uma dúvida aparece em nossa cabeça, o próximo passo é criar uma maneira de resolvê-la. E essa habilidade é estimulada quando a criança é livre para pintar e bordar. "Precisamos dar espaço para que ela possa criar", ressalta a coordenadora Elizabete Duarte, que recomenda desenhos de tema livre, por exemplo, para a faixa etária da Educação Infantil - tanto na escola como em casa. No ambiente doméstico, aliás, é importante que os pequenos tenham um lugar onde possam inventar suas modas: brincar com massinhas e tinta, montar brinquedos etc. O quintal também é um espaço maravilhoso para isso, pois, ao ar livre, os estímulos - e as curiosidades - são muitos.

4. Crianças de opinião

Antes mesmo que o seu filho saiba falar corretamente, ele já pode ter a sua opinião questionada. "É importante que, desde pequena, a criança saiba expor as suas ideias. Ela aprenderá, aos poucos, a argumentar", aponta a psicopedagoga Elizabete Duarte. Isso significa não impor tudo aos pequenos, mas, em vez disso, deixá-los participar de decisões do dia a dia - é claro que isso não inclui regras básicas definidas pelos pais, como tomar banho e o horário de dormir. Vamos ao zoológico ou ao teatro? Você prefere dormir em cima ou embaixo no beliche? O que você achou da aula de português de hoje? Estas e outras perguntas, inseridas na conversa cotidiana, desenvolverão o lado opinativo da criança - tão essencial para a exposição de suas ideias e para o debate com outras pessoas.

5. Vamos sentar em círculo?

Que tal trocar a sua mesa retangular por uma redonda? A distribuição em círculo colabora para que as pessoas se comuniquem - e a comunicação é imprescindível para a abertura a novas ideias. É ouvindo argumentos aqui, ali e acolá que a criança criará a flexibilidade necessária para manter a mente aberta. Lembrando-se, claro, que ela também precisa ser ouvida. E lembrando, mais ainda, que ela não precisa concordar com os pais! O respeito pela ideia dela a fará respeitar a ideia dos outros. O mesmo vale para o ambiente escolar: existe espaço para a comunicação onde o seu filho estuda? As carteiras são arrumadas em fileiras ou em semicírculo? Os professores propõem debates entre os alunos? O seu filho é estimulado a ver os vários lados de uma mesma questão? "A criança aprende mais quando participa mais", ressalta a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano.

6. Ajuda na pesquisa

Ah, o santo Google. Antes, era preciso folhear páginas e mais páginas de enciclopédias. Agora, é só digitar, clicar e esperar 0,37 segundos. Mas, espere aí: essa não é e não deve ser a única maneira de pesquisar! "O lado bom da internet é que ela desperta o interesse em mais assuntos. O lado ruim, porém, é que existe ali todo tipo de informação, correta ou não", adverte a psicopedagoga Paula Furtado. Por isso, cabe aos pais mostrar ao filho outros caminhos de pesquisa: livros que estejam em casa, visitas a uma biblioteca da cidade, conversa com profissionais da área, ida a museus e institutos etc. Mesmo na própria internet, é interessante ajudar a criança a encontrar sites confiáveis, como os das universidades, para que ela crie esse senso crítico - e a curiosidade de descobrir informações bem apuradas.

7. Sem medo de arriscar

Ninguém espera que os pais estimulem o filho a sair se arriscando por aí com atividades perigosas. Mas arriscar-se pode ser mais sutil: ao montar uma peça para a família assistir, por exemplo, a criança está se expondo ao risco de ninguém apreciar a sua criação. Vestindo fantasias, criando receitas culinárias, inventando uma engenhoca para regar as plantas - essas são todas formas saudáveis de se arriscar, que incentivam a imaginação e a autoconfiança. Valorize todo tipo de iniciativa assim.

 

Fonte de consulta: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/curiosidade-habilidade-778248.shtml

 

Denise Bortoletto

Orientadora Educacional – Educação Infantil e 1º ano do Ensino Fundamental