07/04/2014 11:08 
Texto Adriana Fonseca

Foto: Aline Casassas

O exemplo dos pais é importante para incentivar o filho a saber ler e escrever sem pressão.

 

ansiedade em poder afirmar, em um encontro informal na porta da escola, que seu filho já lê tudo o que vê pela frente pode se tornar um grande vilão do processo de alfabetização. Apesar de você já ter ouvido, diversas vezes, que cada criança tem seu ritmo no processo de aprender a ler e a escrever e que o interesse pelo universo letrado varia para cada um, a angústia pela confirmação de que essa etapa será alcançada pelo seu filho sem sofrimento é quase inevitável, justamente pelo fato de a alfabetização ser um marco o processo da educação de qualquer criança. Porém, é importante ter atenção dobrada para que sua ansiedade não atrapalhe a relação que seu filho vai estabelecer com esse desafio. Fatima Gola, psicóloga especialista em psicopedagogia, afirma que essa ansiedade acaba acontecendo porque há uma formalização do ensino e metas objetivas são traçadas para um determinado período escolar - a própria escola põe um limite.

O efeito negativo acontece quando "os pais atropelam o processo que a escola escolheu para alfabetizar e começam a duvidar dele, fazendo com que a criança, de alguma maneira, perceba essa desconfiança". Por outro lado, essa ansiedade se torna positiva quando há a "valorização da criança pelos pais ao acreditarem que ela é totalmente capaz de chegar lá".

O contato com a cultura escrita é de fato um processo. Inicia-se nos primeiros anos de vida e não tem data para terminar. Já a alfabetização, ou seja, a compreensão do funcionamento do sistema de escrita se estende até as primeiras séries do Ensino Fundamental. Regina Clara, pesquisadora do CENPEC, explica que "aprendemos a ler e escrever na escola porque ler e escrever é importante para a vida". As crianças podem perceber isso observando os adultos e também participando de situações em que a leitura e a escrita são impostas. O próprio cotidiano familiar conduz a essa percepção. "São muitos os motivos que nos levam a utilizar a escrita: escrever para lembrar (lista de compras), para nos comunicarmos com alguém (bilhete, email, msn), para nos divertir (livros de literatura), para aprender - a fazer (cozinhar) , para saber mais sobre um assunto, para se expressar...".

Existem várias maneiras de você colaborar e mobilizar no seu filho o desejo de aprender a ler e a escrever de uma forma leve e prazerosa.

Confira 6 dicas para você ajudar seu filho a aumentar seu interesse pela língua escrita

1. Evite demonstrar ansiedade

Não exagere nas perguntas na saída da escola. Mesmo que seu filho responda ao seu interrogatório sobre o que fez durante a manhã ou tarde com um "nada" ou apenas com uma "aula de Ed. Física", não reaja com indignação, pois é claro que isso não foi o resumo das 5 horas que passou na escola, mas é o que ele pode ou quer compartilhar com você. Com certeza, ele participou de atividades voltadas para a alfabetização. Lembre-se de que a rotina diária e semanal organizada pela escola engloba tipos de atividades e áreas de conhecimento de acordo com a carga horária estabelecida pelo plano de ensino!

 

2. Estimule sem forçar

Evidenciar as funções da escrita no dia a dia é uma ótima estratégia para aproximar seu filho desse universo. Regina Clara sugere, por exemplo, fazer uma lista de compras em conjunto, organizar uma tabela com as atividades extraescolares ou deixar um bilhetinho para que seu filho leia ao acordar, ressaltando que essas atividades dão a oportunidade para crianças se mobilizarem por esse processo. Entretanto, Regina também alerta para que isso não se transforme em obrigações diárias e que não haja um excesso de informações. "É importante entender o que seu filho está perguntando e responder a isso!"

 

3. Seja você o modelo de leitor

Faça suas leituras na frente do seu filho, demonstrando o quanto você gosta e aproveita esse momento. Comente fatos e acontecimentos trazidos pelos jornais e revistas, informe as datas e os horários dos jogos do time de futebol e mostre fotos de lançamentos de um filme que ele vem esperando.

 

4. Não faça comparações

"O fulano já está lendo um livro sozinho". Um comentário como este pode gerar um grande incômodo e nada ajudará o processo de alfabetização de seu filho. Ele passará a se sentir diminuído frente ao amigo e talvez comece até a invejá-lo. Uma das causas comuns da resistência de algumas crianças a se lançarem integralmente ao desafio de aprender a ler e escrever é decorrente de uma exigência antecipada e exagerada que se estabeleceu hoje. Não esqueça de que toda a criança é capaz de aprender a ler e escrever, mas grande parte desse processo é o trabalho dela, por isso precisa estar pronta e vivendo uma condição favorável para que esse aprendizado aconteça.

 

5. Converse com o professor ou orientador

Antes de chegar a conclusões precipitadas sobre o a relação que seu filho está desenvolvendo com a língua escrita, marque uma conversa com o professor ou com o orientador. Só um deles poderá esclarecer as questões e medos que estão tirando seu sono. Fatima Gola, lembrando Perrenoud, sociólogo suíço, explica que "o fato de ter sido aluno um dia, não autoriza ninguém a dar diagnósticos na área da Educação". Quem está autorizado a isso são os profissionais da escola que estão capacitados e tem a função de analisar o que seu filho precisa no momento. Você perceberá como de fato cada criança se desenvolve em seu ritmo e se há motivo real para preocupações.

 

6. Seja parceiro de seu filho nesse processo

Mostre a ele que você está ao seu lado e que vocês estão juntos nesse trajeto. Ajude-o quando solicitar, valorize cada passo alcançado e vibre com suas conquistas. Isso tornará esse processo menos solitário para seu filho e ele perceberá que tem o seu apoio! 

 

Fonte de consulta:

http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/nao-sabe-ler-escrever-779033.shtml

Denise Bortoletto - Orientadora Educacional

Educação Infantil e 1º ano do Ensino Fundamental