Chegar ao Ensino Fundamental é uma grande conquista e um grande desafio para alunos e pais. Nessa fase, as crianças ainda são pequenas e estão próximas da Educação Infantil, mas, durante o ano, vão ficando cada vez mais perto dos que chamam de “grandões” e, ao final do ano, tornam-se um deles.

O trabalho entre família e escola é fundamental para que esse crescimento seja harmônico e positivo. A criança precisa de segurança e, para senti-la, precisa confiar nos adultos que a cercam, que devem sempre manter em mente que ela ainda é criança, e que eles são um parâmetro confiável por terem mais experiência, mais crítica e discernimento, brecando os excessos dos pequenos e oferecendo a eles o colo necessário.

O amadurecimento físico é inevitável, mas o emocional pode ser estimulado ou embotado. É nossa função como educadores — o que inclui os pais, logicamente — zelar pela manutenção e garantia desse processo. Difícil é resistir à tentação de mantermos dependentes nossos pequenos. Isso é muito gostoso, mas, a longo prazo, pode custar muito caro a eles, que estarão entre os grandes sem estarem preparados para enfrentar os desafios que surgirão no mundo e com as pessoas.

Os limites são fundamentais: são eles que oferecem segurança à criança, que se sente acolhida e recebe os parâmetros que ainda não estão plenamente internalizados nela. A repetição das regras e a insistência nelas são fundamentais, embora isso seja cansativo, pois as crianças ainda vão nos testar de muitas formas até se tornarem adultas.

Valores são imprescindíveis: sem eles, a criança não terá base para viver em sociedade. Ela estará mergulhada em um apanhado de ideias, mas não terá parâmetros para julgar o que pensa ser correto por valor e mérito, sem ligação com vantagens, caminho natural de pensamento das crianças e do ser humano. Os valores farão com que ela perca um jogo para ajudar um colega.

Precisamos ter critério e ser críticos, pois as crianças sentem tudo de forma muito intensa e imediata. O choro de um minuto pode não significar nada no momento seguinte, mas nós, adultos, corremos o risco de ficar sofrendo pela intensidade daquele momento que a própria criança já esqueceu. 

Como não correr o risco de deixar passar um fato mais grave? Dê colo sempre, mas não se posicione a respeito do assunto. Ouça e acolha. Caso a situação permaneça sofrida para a criança, ela a levantará novamente.

A parceria e a fala coerente e única de educadores e pais é peça-chave para a segurança da criança, que percebe, com isso, que está em terreno firme. As crianças testam os adultos o tempo todo, e as divergências que ocorrem entre aqueles que são, para ela, figuras de referência podem ser pontos de confusão. As diferenças podem e devem existir em qualquer relação, só não devem ser passadas à criança, que nessa fase tem, no professor, uma figura muito forte.

A clareza de falas e ideias deve existir sempre, mas deve-se ter o cuidado de não tratar de assuntos sobre os quais ela não deve opinar ou de que não pode participar. 

As dificuldades e desafios fazem parte do processo de crescimento, e as crianças devem passar por isso. É sabido que pais amorosos tendem a impedir o sofrimento dos filhos, mas um pouquinho de dor é fundamental, pois a vida nem sempre estará a favor deles. As crianças devem estar preparadas para isso! De volta à escuta criteriosa, é importante ouvir e acolher, mas nossas sugestões estão muito além do que as estruturas podem dar conta. Devemos estimular o pensamento crítico para que as crianças usem os recursos que têm!

Vamos negociar, mas com valor e reconhecimento, não com dinheiro! Muitas vezes, as crianças vão propor trocas de notas ou tarefas por brinquedos ou presentes. O verdadeiro valor do banho está em seus benefícios e não no “carrinho” que foi prometido, por seus pais, como recompensa. Precisamos resgatar esses valores ou jamais conseguiremos que a criança faça seus deveres por responsabilidade.

Controle e liberdade devem estar presentes sempre! Verificar os pertences, checar as lições, questionar o suposto presente ou empréstimo ligando para os pais de um colega pode parecer ofensivo em alguns momentos, mas são atos de carinho e atenção, ainda que as crianças não os percebam dessa forma.

Chantagem emocional: nossos filhos nos conhecem muito bem e sabem como conseguir o que querem. Mas devemos lembrar que eles são diferentes de nós e têm outras ideias e necessidades. É nosso papel raciocinar em lugar daqueles que ainda só pensam em satisfazer seus desejos.

A chave está na flexibilidade firme e amorosa!

Gisele Falanga Capela Fabreti (Psicóloga clínica e Orientadora Educacional)

Equipe Pedagógica – Fundamental I

Postado por: Alda Marques - Coordenadora Pedagógica